segunda-feira, 15 de junho de 2015

As nossas Divas do Rádio Nacional

Estamos sempre falando das divas americanas de Betty Page até Marilyn Monroe, e esquecemos que também tivemos nossas divas! A era de ouro do Rádio, anos 50, fim do período de guerras, revoluções comportamentais e tecnológicas. No Brasil, Juscelino Kubitschek chegava ao poder, prometendo 50 anos em 5. A televisão chegava aos nossos lares, O Brasil campeão da Copa de 1950 e o feito se repetiria em 1958. Enfim, os anos 50 me parecem uma década bem solar.
E é neste contexto que temos as Divas da Rádio Nacional. Quem nunca ouviu falar de Emilinha e Marlene, Dolores Duran, Dalva de Oliveira, Elizeth Cardoso? Temos tantas, mas hoje quero falar destas citadas acima.
  1.   Dolores Duran: embora suas canções fossem tristes e melancólicas, Dolores era uma mulher bem humorada, comunicativa e cheia de amigos. Seu nome de batismo era Adiléia da Silva Rocha, era carioca do bairro da Saúde e por causa de seu rosto bem redondinho tinha o apelido de Bochecha ou Caxumba. Aos 16 anos, a então Dolores Duran já cantava e encantava, a propósito, ela escolheu esse nome artístico por causa dos boleros que cantava. Ela morreu aos 29 anos, fruto de um problema cardíaco, que hoje em dia seria perfeitamente tratável, mas em 1950... Quer ouvir Dolores? Vão aí algumas canções lindas: “A noite de meu bem”, “Outono”, “Um amor assim”, “Não me culpes”, etc.
  2.        Marlene: Nasceu em São Paulo, filha de imigrantes italianos e tinha como nome de batismo Vitória de Martino Bonnaiutti, sempre gostou das artes, mas não tinha dinheiro para investir. Foi no seu primeiro emprego que Marlene conheceu uma cantora chamada Janete, que a levou para a Radio Tupi, fez o teste e foi aprovada. Tudo isso ele fez escondida da mãe, que era evangélica e não permitia que ela cantasse músicas profanas. Já morando no Rio de janeiro, trabalhou no Cassino Icaraí, na Boate Casablanca, na Praia Vermelha, até ser contratada pela Rádio Nacional. A rivalidade entre Marlene e Emilinha Borba vem do concurso para Rainha do Rádio. Morreu aos 91 anos em junho de 2014, em decorrência de uma pneumonia severa. Para ouvir Marlene: “Lata d’água”, “Sapato de pobre”, “Coitadinho do papai”, etc.
  3.       Dalva de Oliveira: É impossível falar de Dalva de Oliveira sem mencionar Herivelto Martins, uma vez que os dois protagonizaram cenas tórridas de amor e ódio. Seu nome de batismo era Vicentina Paula de Oliveira, nasceu em 1917 em Rio Claro, São Paulo. Teve uma infância pobre, mas regada de muitas serestas, já que seu pai era um seresteiro com orgulho. Após a morte do pai, a mãe e as irmãs de Dalva se mudaram para o Rio de Janeiro e foram morar num cortiço no Centro do RJ. No emprego em uma fábrica de chinelo, cujo dono também era diretor de uma Rádio, Dalva teve a sua primeira oportunidade, passou nos teste e trilhou sua carreira. Se apresentando em São Cristóvão, Dalva se junta a Herivelto e Nilo Chagas, formando o trio de ouro. A relação entre Herivelto e Dalva foi mergulhada em intrigas e traições. Após a separação de Herivelto, Dalva iniciou sua carreira solo, com muitos sucessos. Por causa do vicio em bebidas alcoólicas, Dalva morreu vítima de uma cirrose hepática, em agosto de 1972. Para ouvir Dalva: “Bandeira Branca” , “Errei sim”, “Olhos verdes”, “Tudo Acabado”, etc.
  4.    Elizeth Cardoso: nasceu em São Francisco Xavier, próximo a Mangueira e fez sucesso com o nome de batismo mesmo. Teve que abandonar a escola cedo por causa de dificuldades financeiras da família, tendo que trabalhar, mas sempre com o dom da música aflorado em seu cotidiano. Sua estréia foi na Rádio Guanabara, cantou com Noel Rosa, trabalhou ao lado de Grande Otelo, além de Fernanda Montenegro, Chico Anísio, que na época tinha 17 anos! No início dos anos 50, estourou com a “Canção de Amor”.  Apesar de todo sucesso e reconhecimento, Elizeth nunca ganhou o título de Rainha do Rádio, contudo, construiu uma carreira impecável. Morreu em maio de 1990, vítima de um câncer. Para ouvir Elizeth Cardoso: “Amor, Amor”, “Feitiço da Vila”, “Canção do amor”, etc.
  5.    Emilinha Borba: Emília Savana da Silva Borba nasceu no bairro da Mangueira em 1923. Emilinha Borba foi um dos mais expressivos exemplos de liderança popular, uma cantora impecável em todos os sentidos, sem escândalos na vida pessoal e artística, era bem eclética, cantou desde samba até baião, passando pelo bolero, rumba, Fox entre outros. Era conservadora, não usava decotes, não usou drogas e bebia apenas o que sociamente era permitido, fez filmes, tinha coluna em jornais. Faleceu em outubro de 2005, após se sentir mal durante um almoço. Ainda hoje fãs e admiradoras de Emilinha falam dela com saudades e lágrimas os olhos. Para ouvir Emilinha: “Tomara que chova”, “Boa Noite, meu bem”, “Benzinho”, etc.

DOLORES DURAN

DALVA DE OLIVEIRA

ELIZETH CARDOSO


MARLENE


Referência bibliográfica

Aguiar, Ronaldo Conde. As divas do radio nacional: as vozes eternas da Era do Ouro. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2010.

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